domingo, 1 de outubro de 2023

segunda-feira, 1 de maio de 2023

domingo, 10 de maio de 2020


                         MEU MUNDO

Ergui o sapato o mais alto que pude
E pisei nas estrelas com toda a minha força
Espalhei brilhos e purpurina por toda a casa
Aproveitei e mudei o lado da lua na sala.

Apanhei um pouquinho de areia de cada praia
Molhei as canelas em todas as águas
Mergulhei de cabeça nas cachoeiras do quarto
Inverti os ventos pelos 4 lados.
Aumentei o calor do sol um pouquinho
E coloquei pilhas alcalinas para durar mais
Toda a minha felicidade estava ali, no chão, espalhada.
Nela me embrenhei, dividindo por toda casa.

Mato, coloquei por todo os lados.
Satisfiz a terra, o rochedo e os sapatos.
Fiquei assim o dia inteiro.
Ouvi que tocavam insistentemente a campainha.
Era o vigia, tinha alguém reclamando do barulho que eu fazia.
Pedi um pouco de paciência, não se faz o universo sem algum barulho.
Quando achei que terminara, e dáva-me por satisfeito,
Vi que faltava um ser, um humano perfeito, para habitar e usufruir de tudo aquilo.
Foi aí que chegou a minha mãe, e vi que não faltava mais nada.
Naquele mundo que eu via, naquele mundo que eu criara.

terça-feira, 19 de novembro de 2019


                             SILENCIO

O silencio faz barulho, um barulhinho fininho, oculto.
Ecoa no vácuo do silencio pensativo.
Nos diz verdades no silencio meditativo.
O silencio pede perdão e perdoa.
Esquece dos maus tratos, e quem maltratamos a toa.

Desfaz verdades absolutas ou murcham mentiras tolas.
O silêncio apregoa a distancia que o som tem,
E entre notas e falas pontua.
É o silencio que tem o domínio dos sonhos,
O entendimento do amor eterno que finda,
Da saudade doida que se acaba,
Da mudança ou crise que avizinha.

No silencio conversamos com nosso divino.
E no silencio terminaremos nossos dias.
No dia único de nossas vidas por ser final,
Teremos o silencio como ultimo sonido.
E no lampejo da alma lançada ao espaço,
O silencio nos guiará ao novo destino.


sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

       

                                                                INFELIZ
    

   Tornar-se uma pessoa envolvente, e por isso admirada, requer paciência e amor.
Nada incondicional, mas verdadeiro e leal. Ternura nos seus gestos e modos.
Ouvidos para ouvir quem assim deseja, e uma fala firme para silenciar os
discursos indiscretos. Olhos com brilhos mas não lacrimejantes, que enfeiticem
outrem e, assim, sempre desejem chamar a sua atenção.
Mostre sua família, a unidade dela, as preocupações que sentem uns com os
outros, e todos saberão do seu potencial. Demonstre com afeição e presteza
seus valores, suas crenças e desejos mas, somente para os que queiram
ouvi-la. Caso interrompam com negativas ou assertividades de suas próprias
vidas, sorria, e deixe algumas gotas do seu vinho escorrerem pelo seu queixo,
retirando-se em seguida: - Desculpe! São os chatos e, com eles não se misture.
    Nas negativas, não revele assombro mas consideração. Nas agressões,
que saibam que não haverá revanche, mas desconsideração e desprezo.
No amor,  com o parceiro, una-se a ele, dividindo os prazeres e as dúvidas
que, tenha certeza, ambos têm! E na vida, seja movimentada, calma ou lenta
tenha certeza de uma coisa: nada e nem ninguém tem o poder da infelicidade,
somente você o tem.

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Meus senhores, a quem...para que mesmo servimos?


        

        A tropa se posicionou com os soldados começando a bater ritmadamente os seu bastões contra os escudos. Não se mede o medo que dá, nem se mede a coragem desse enfrentamento. Tem que ter é união, Por que um sozinho na frente não adianta, e nem ele aguenta. Deem os braços, deem as almas, e aguardem pela chegada de contra ordem de algum juiz, ou do perdão dos poderosos, por que agora nada os convencerá ou conseguirá detê-los. “ - Não tem ideologia nem patrão, berravam, tem é ordem judicial! Sabem lá o que é isso? O-r-d-e-m j-u-d-i-c-i-a-l, toma lá, na cara! A quem vocês servem? A quem?”

        Serviam a quem então? Entre olharam-se...a quem? Eles mesmos? O que seria importante agora, as atitudes e os gritos? Quem era contra, quem era a favor de tal situação?  O sol a pino ao meio daquele dia. Do chão de terra subiam densas nuvens de calor, variando o olhar e avariando os olhos. ”- Quem? Quem coordena? gritavam alguns., Eu ! Eu! Sou eu! Vamos por ali! Ali!, gritavam alguns, enquanto todos corriam para todos os lados, sem direção. “ – Não pode passar! Gritavam outros. Tocaia, tocaia aí!! Tão chegando, Oh! Tão chegando!
         Eram de temor os rostos. Guerreiros? Longe disso! De sacos cheios, lotados de rancor e sentimentos ruins, cansados da intolerância, desmazelo, estupros e assaltos sem fim e sem solução.

        “ - Que venham! Que venham! Então tá, fogo, fogo, taca taca fogo aí!
       
        Crianças gritavam, adultos gritavam, soldados gritavam. Muito cacique e quase nenhum índio. As balas no inicio eram de borracha, achavam...! Bate daqui, bate dali, para cada enxadada desferida, 10 tiros, dez porretadas!  Brigar com o que? Os dedos em frangalhos, os braços rente ao corpo cansados. Corre! Corre! Debanda, não debanda nada, enfrenta. Eram tiros? “ - É festim, é festim! Festim? Era covardia.  E a sede, a angustia, a fome. “ - Tem criança, aqui, tem criança...” que nada. Agora tudo é gente, e gente é tudo igual. Bunda é tudo bunda, então toma lá! Perdiam as mulheres os seus filhos, as crianças suas mães, o homens seus orgulhos que caíam sem fôlego e certezas, sem entender a derrota, sem nada a fazer a não ser cair. Cair era mais fácil. Já não era festim, com certeza, nem borracha, nem orgulho ferido,  nem briga pelos direitos herdados e negados. Agora já não era mais festa, nem era fim de semana. Perdiam os direitos mínimos que ainda tinham de se esticarem na cama, de beijarem–se em jogos de amor e flertes. Perdiam o direito de acalentar os seus, de pedir benção a pai e mãe. Os bárbaros agora eram aqueles que trajavam uniforme e tinham documento de autorização dados por quem se dizia o governo. Mas e o desgoverno, eram eles?

        O destino sonhado não era nada parecido com aquele.”- Tira daí, tira eles daí! Tem criança, não atira, tem criança; meu Deus!” E Deus? Ah! Como rezavam e gritavam pelo seu nome, esquecendo que Deus já estava presente, recolhendo os escolhidos para si, quando enfim descansariam daquela vida de cão e lotada de maldades; apaziguando os corações que pendiam sôfregos no peito, afofando o solo para que a queda fosse menos doída. Não escolheram a vida que levavam, sendo assim, não poderiam escolher a morte que os levariam. Como gente é tudo igual.... a quem...a quem servimos?





domingo, 10 de janeiro de 2016

domingo, 3 de janeiro de 2016


Janeiro, 2016! Tirar a poeira, tirar a craca e encarar as oportunidades oferecidas pela crise!! E vamo que vamo!! Cachoeira em plena cidade do Rio de Janeiro. Me desculpem, mas é Rio!! Água de rio lava a alma e apruma os reflexos. Lavamos a alma, eu, minha menina, e meu cunhado. Ah! Além do enigmático João Pedro; gosta ou não gosta de rio no Rio? ( Vargem Grande/RJ )

                                                                  Foto: Amilson Ferrari


                                                                 Foto: Amilson Ferrari


Foto: Amilson Ferrari


Foto: João Paulo Carvalho 



2016?  Veeeeennnhhhhaaaaa!! Tô pronto pra encarar!



   Bom passear. Melhor ainda abrir o ano 2016 passeando no mar. Costa de Rio das Ostras ( pela primeira vez vi ostras, quentinhas,  mas não tive coragem ) Passeei como bom turista, fotografando, filmando com olhos curiosos e famintos. Costa linda, uma praia ainda virgem ( Praia Virgem ). 2016, vveeennnhhaaaa!!!


Turistão.











segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Diga meu pai.

                   

         Ah! Que bom que viestes! Senti tanto a tua falta! Diga-me lá então, como andas, com quem andas, diga o que vê, cheira ou toca agora, ou por ora, não diga nada.Abrace-me, forte como um touro, que era assim que eu lhe tinha! Agora sim, diga e fale sobre coisas que possamos sentir juntos tal como antes, tal como a maresia  de um final de tarde, ou o do vento que farfalha as folhas revigoradas pelo vento. Diga o que olha neste exato momento, diga as cores, o formato, sua harmonia ou sobre a curiosidade que provocaria.

        Diga, conte-me  tudo, e nada esconda. E o sol? Ah! Continua lindo, não é? Eu o sinto, mas fale dele, fale você!. Está alto? Brilha com muita intensidade? Reflete aonde, em quem, qual distância? Fale mais, sinto o cheiro de flores, a dama da noite? Sinto também um adocicado no ar? É mel? São elas, tantas flores, quais?  Em sua infância nos campos eram tantas assim,  nos prados passavas por elas? E o mel de favo, o mel de lambuzar, de adoçar uma criança!

        Vem, vamos caminhar juntos novamente. Segura minha mão como antes, envolve e aperta. Quero te sentir, preciso tanto disso. Me fale do mar, está  calmo? Diz, me ensina, vai!  Fale dos homens e das mulheres que conheceu, são muitos? Conheceu-os bem? São amigos, são teus ou são do mundo? E suas viagens, seus aviões e seus vôos. Deixe-me vive-los também, voá-los, e ir com você aonde já fostes, e pairar nas nuvens, tocá-las. Diga o caminho, qual é o caminho, e quanto tempo ainda caminharei. Fale dos modos, dos sorrisos, das  esquinas e das ruas da sua infância, de suas aventuras e desventuras! Explique-me de novo como funcionam estes sinais, estes cruzamentos, estas passarelas, suas escadas e passagens, por onde vai a minha vida! E os  parques, estão tão belos quanto eram no seu tempo? E as tardinhas, ainda estão magrinhas, ou já são esplendorosas tardes de verão?


        Diga, fale das crianças, dos seus netos, fale mais, me conte, me impressione, me mata a saudade meu pai,  corrompe o medo que sinto, com teus conselhos! Combate a minha solidão com tua companhia, o meu pesadelo com a tua presença! Me explica onde estás, por que fostes embora, por qual motivo; para onde eu vou, e como vou, meu pai, repete tudo de novo, por que eu não entendi direito! Eu não entendi nada, eu ainda não sei de nada, eu ainda não me convenci, meu pai, que não estás aqui conosco, e o tanto que me incomoda a tua ausência.   


domingo, 14 de julho de 2013

Futebol





        Pediu a bola insistentemente. Deu carrinho, trombou, sambou quando fez o gol, e se desesperou quando tomaram um. Eram as alegrias e tristezas do futebol, mas hoje não teria adversário que lhe fizesse páreo. Insatisfeito, calou-se quando fez falta dentro da área. Mas se irritou, e desandou a reclamar com o pênalti não marcado ao seu favor.
        
        Sem saber como e nem por que, lembrou-se da faculdade medíocre, 2 anos em Administração de Empresas, que nunca terminara. Serviram para que? Nem antes, nem depois. E a ex-esposa, serviria agora? Ex esposas não são para toda a vida? Ex, ex vampiras, ex-mulatas, ex-amantes, são tudo o que você carrega, sua história de vida, mas não permitem que você saia por aí contando, enumerando. E de repente, a sua vida nada mais significa! O que fez, o que deixou de fazer, puff, somem! Tomou a bola do zagueiro, e partiu confiante, rumo ao gol desprotegido....

        O médico afirmara categórico: seis meses, assim mesmo, caso o senhor obedeça as minhas determinações. Determinações? Quais? “ – Ah! O senhor sabe....não beber, não fumar, parar de jogar bola ou qualquer outro esporte brusco... caminhar bastante...
         − E sexo? 
        −Sexo? muito... muito pouco, entende?  Dieta rigorosa. Sal? Nem pensar. Se o senhor mantiver uma vida regrada, talvez até ultrapasse esses prazos. Modificando as suas atitudes, seu modo de viver, tudo pode mudar, e permitir que o senhor chegue a 3º idade! Talvez seja possível revertermos este quadro ...”

        Avaliou que poucos, muito poucos, chorariam a sua morte. Então quem choraria em seu velório? Haviam  as carpideiras em sua cidade natal. Mandaria chamá-las! Viriam? Carpideiras... aqui não tinha disso. Faltavam seus elementos nesta terra, as raízes,  pessoas, grupos de gente. No lugar em que fora criado, abundavam estas coisas: vizinhos, amigos, compadres a dar com o pau; gente preocupada com a gente; mas desconfiou, assim que desembarcou do ônibus na cidade grande, que não poderia contar com isto. Aqui, teria que se acostumar com estas amizades passageiras, este abuso de limites e empregos, tudo rápido, rápido e ausente.

        Algumas coisas fazem falta na gente, sente-se as ausências: a mãe idosa que ficara na naquele fim de mundo; o pai igualmente idoso mas cabeça dura qual semente de sucupira, os tios, conselheiros sempre presentes. Em anos de trabalho e suor, não observara as tantas ausências em seu entorno. Mas tudo agora lhe fazia falta, tudo em volta lhe era estranho e confuso.

       Conhecer e trabalhar com alimentos, o ajudara a superar estas ausências. Mas o consumo das buchadas, assados, queijos, carnes de sol, entre outros, o cumulara de problemas de saúde. Ganhou assim a sua vida, juntando uma pequena fortuna. Soltou dois palavrões após um cruzamento perfeito. O atacante azarado chutou para fora! “- Vá pra.....”

        Continuou correndo como um menino. Salvou um gol em cima da linha, e todos comemoraram o feito. “  − Nesta idade, ainda tem fôlego para socorrer a defesa? ”

       Sentia o coração acelerado. Prenuncio e indicativo do perigo cardíaco ao qual concorria? As peladas eram religiosamente seguidas das cervejas, churrasquinho, tira gostos, e neste ritmo seguia. Manteria esta rotina ou a evitaria, conforme ordens médicas? Havia uma ausência de preocupações e cuidados com estas ordens, e um transbordo de sentimentos, tanto caríssimos, quanto antigos; lembranças boas e más, algumas confusas; isso continuaria o dia todo? E as tias? Poderia chamá-las também, quem sabe viriam? Seus irmãos com certeza estariam ao seu lado, no leito, mas não por pena, nem por esmero. Com certeza tentariam angariar algumas partes na herança, ao mesmo tempo em que tentariam não demonstrar ser esta a estratégia. Melhor com eles que sem eles, afinal, todos eram seus funcionários. De toda forma, o ajudaram a moldar o patrimônio. E o filhos? Ausentes, tanto quanto ele tinha sido como pai. Saíram aos seus. Agora é tarde.

        Chegara mocinho ainda na cidade grande. Mas entrou na briga feito gente grande, e para ganhar. Com 25 anos já tinha seu carro, sua casa financiada, e sua esposa lhe esperando chegar. Mas para chegar não tinha hora. Chegava quando podia, e lá, permanecia muito pouco. O trabalho era  de sol a sol, de manhã à noite. Perdera alguns nascimentos, momentos de paz, e momentos de angústia. Em todos estava trabalhando. Pagava religiosamente todas as contas, mais não podia fazer. Nem quando desconfiou da mulher, não parou. Ameaçou-a, tomou um banho, uma nova muda de roupa, e saiu porta afora.
        Se a esposa via-lhe pouco, a mesma sorte tinha sua amante. Igualmente bancada, igualmente grávida, e igualmente solitária nos momentos mais delicados e importantes de sua vida. Esta, pelo menos, berrava mais. Ameaçava-lhe com o abandono, com greve, e com a violência “ – que eu não sou mulher de qualquer sujeito não, viro a mesa e a cadeira em cima dos teus cornos, seu fiiilho da....

        Saber que se pode morrer em 6 meses, estressa qualquer um. A princípio, se tem vontade de obedecer, cumprir as determinações médicas, aquietar-se. Qual! Fazer o que? Faço esta orquestração toda, e paff! Caio em 4 meses, sem proveito, sem ter vivido o resto que me cabe, sem ter resolvido todas as questões, eu hem? Vou mais é para a esbórnia. Palavrinha bonita, que junta o exemplo da idéia à ação. 

        “ − O que é que este filho de uma boa puta está fazendo? Cruza logo, ôôô cagão!” E toma gol, e toma aplauso. Primeiro tempo. Descansar, descansar para que? “_ O que é isso Sérgio, se aquieta homem! Tá correndo demais. Sê não é mais garoto não! “ Garoto?"

        Eu achava que era um bom garoto, destes educados, apiedado dos seres humanos miseráveis das esquinas, acreditando em tudo e em todos. Quando vim para a cidade grande, aí é que o mundo se apresentou a mim. Ou melhor, descobri que o mundo que eu conhecia não existia. Fiquei atarantado com tanta coisa nova e errada. Era tudo ou nada para aquele garoto, e ele abraçou o tudo! Se fez um homem. Se é para isso que serve um homem, eu servi. Servi a família toda. Dependem de mim para tudo, e eu? Dependo agora de um coração doente. Vai entender. Achei que era só trabalhar, e tal e coisa; qual! 

       “ – Vai, vai....” pediu a bola, com um chamado arrítmico, e com a certeza de quem da bola não apanha. Deu um bonito chapéu no zagueiro, matou no peito a bola que lhe fugia ao controle, e conforme desceu a meia altura, de voleio, mandou-a no ângulo esquerdo do pobre goleiro. Ainda caindo deu um grito, de dor, de fôlego acabado, de coração partido, de peito arriado. Deu um grito só, grito de guerreiro, não de fuga. Não pediu socorro, nem pediria. Ainda zonzo e deitado no chão, enquanto, cercado pelos outros jogadores, pensava em levantar, divisou no canto direito do campo um  séquito de estranhas mulheres, todas vestidas de negro, com véus a cobrir seus rostos, caminhando em passos cadenciados. Várias, dirigiam-se para aonde estava. Sorriu de satisfação. Elas vieram, as suas carpideiras! Haveria então quem o velasse e chorasse. Foi sentindo as forças minguarem,  enquanto em seus ouvidos, o canto das mulheres  chegava em tom suave e brando, misturados aos elogios, gritos e festejos dos companheiros do futebol. Sentiu-se mortiço. Ouvia melodiosamente em uníssono:

        “ – Nossa Senhora socorrei, amparai e recebei, a quem seu filho recomendar. Filho do Deus altíssimo, que amamos e ao qual glorificamos, em vida e na morte, dái-nos a justa herança, pelas boas ações que fizemos, misericórdia pelos pecados que cometemos, para que no dia em que escolhestes,  teus anjos venham levar, levar, levar; este pobre coitado, que já cumpriu com seu destino. Por isso aqui viemos chorar, chorar, chorar ...”

        Ainda teve tempo de olhar para os companheiros, e mesmo com uma agonia lhe afrontando o peito e um grito de dor travado na garganta, balbuciou suas últimas palavras:
        “ – Ganhamos de quanto?"


...

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Minha atrasada carta de devotamento, reconhecimento e amor .

       
Foto: Amilson Ferrari ( A musa e o por do sol  - Rio das Ostras, em um mes qualquer, lindo.)   


     Entusiasmado! É como tenho me sentido; são os anos que juntos vivemos. Minha essência se acelerou, e reflito: somente estando com você  eu poderia classificar assim o que vivo hoje. Você é rápida, dinâmica, e me puxa. Puxa vida! As vezes me sinto cansado, mas logo você me destranca, e me puxa, me puxa para vida!
         A vida; vejo-a com maior rigor, sinto-a profundamente e posso hoje em dia dizer: são os melhores dias, até aqui, da minha vida.
        Ser um bom homem, prometi a você. Consegui? Sou? Sou nada! Sou uma criança grande, pesada. Mas pouco a pouco melhoro, visto os anos passados ao teu lado. Pensava em almejar riquezas, era meio que encantado, servil de sonhos ralos, com sede em desertos áridos. Hoje tenho a mesma sede, mas procuro água em boas fontes, e o futuro contigo. E és mais bonita do que em todos os meus sonhos, havia sonhado! Doçura de boca e paixão,  e nas incontáveis provas de amor que recebo; posso sentir o quão alto ainda irão, as asas desta nossa paixão.
        Nossa calma e nosso atrito andam juntos, claro! Mas que se isto espalhe então: esta é a magia que conta: o amor. Por mais que nos afastemos, por menos que provoque dor, estamos sintonizados, juntos, com medos e receios. Gostaria de te ver sorrindo, a mais não poder. Mas gostaria do riso perdido, dor sem   aflição, sem o dolorido viver, ontem, hoje e amanhã, em um  saborear de sua presença. Em cada dia, em cada minuto, agradeço, e muito, contar com você em minha vida.
        Parabéns a você, minha mulher, e para todas as outras mulheres. Mas por este dia? Dia das crianças, seus filhos, e que tal eu? Não o sou? Trocamos mil beijos, beijinhos, beijaços e beijões! Cuidamos ambos de nós, cruzando cuidados, sentido as dores um do outro, dores geradas, ingratas ou até desconhecidas. Procuramos constantemente a presença um do outro, quer pelo telefone, quer pelo e-mail. Procuramos unidos o equilíbrio do sonho e do sono, do despertar, e dos pesadelos. Marido e mulher, irmãos, pai e mãe, somos constantes.
         Minha gratidão aos sonhos, realizações, amor, carinho, sexo, e todo o mais que nós homens/crianças obtemos. Às mães, que por certo e por sina, nos ajudam a idealizar, moldar, determinar e lapidar nossa escolhida: parabéns!  Por tudo, tudo, tudo que você fez e faz, mesmo com as dificuldades pelas quais passou e passa: meus parabéns! Sou uma criança/homem feliz! E nominando: obrigado Cida, por estar por aqui, comigo.


segunda-feira, 14 de maio de 2012

Cartas IV - Saudades


        

        Pedi, lhe implorei, exigi com toda a minha seriedade e firmeza possíveis, para logo depois, chorando, desmoronar “ - me dá!”
        Você ria, e ria muito, mas eu não sabia de que!  Você não ria de mim, ria da minha seriedade, do cômico que era aquela seriedade.  Logo depois, me dei por vencido, pois seus dedos me apertavam todo o corpo, braços  e suvacos, e sua boca me cobria com mil sussurros e beijos. E rimos juntos a mais não poder.  Seguiu-se um pequeno silêncio e,  sem que eu esperasse, você me deu um abraço, um abraço daqueles grandes, enormes e duradouros.  Eu era uma criança, pequena, mas ainda te sinto me envolvendo, me apertando.  Quantas saudades mãe.


domingo, 15 de abril de 2012

A morte em vida, é uma vida de morte.

     
     *  Morreu! P@#@$, e não me pagou! Ou seja, morto não leva tesouros, mas também não leva dívidas. Dever é a morte de todos os dias....
       
        *  Desconfiou da vida, a vida desconfia do desconfiado, e leva, pois a morte não desconfia, enfia no coitado.

       *  Em todo o lugar vive-se e morre, mas no hospital, isto é levado muito a sério. Quando tem fila, não tem médico, quando tem médico, não tem remédio. Sério! Tem-se que ter saco, e uma saúde de ferro!

      *  Viver é morrer um pouquinho a cada manhã. A noite, dormir, que amanhã esse pouquinho é certo.
       
      *  Viver é desperdiçar o tempo em tentar evidenciar a todos a sua alegria em viver, e poucos prestam atenção.
 
      *  Morrer é fechar os olhos ao gostoso  do dia a dia, e viver perseguindo o que não se levará, quando a morte te visitar.

      *  Morrer é todo o dia, viver é cada minuto, olho para o céu e pergunto:  - Quando é que morrerei? – De pronto ecoa uma voz: amanhã! - Amanhã? Amanhã é cedo! Desconfio dessa urgência, por que não na terça, ou melhor, na quinta, até lá dará para viver mais um pouco. Adie então sua vinda!
        Ao que replica a voz, com extrema seriedade,  indicando ao apelante, sua falta de sorte:  - Se não viveu bem até hoje, melhor é te levar agora, para não calhar que, por algumas horas já perdidas, aprenda a gostar desta vida, só por que tens medo da morte!

       *  Morrer depressivo é triste....Viver depressivo é a morte.

      *  Triste é viver se achando, ou ser encontrado morto?
       
       
      *  Quando se deita para sempre, o rosto muda. As chapinhas perdem o efeito, o anti rugas enruga, a lingerie não combina, as próteses dentárias,  mamárias, oculares, ortopédicas, penianas, capilares, siliconadas, emborrachadas, parafusadas, pinadas,  enxertadas e muitas vezes ainda não pagas, também morrem. Se perde  tudo, e nada vai para o brechó! No brechó, algumas mobílias e apetrechos ainda se sobre utilizam, mas as próteses morrem com os seus donos. Do morto, nada se aproveita.

      *  Morrer é a chance de se ver o que tem do outro lado, e quando se sabe, é a morte não poder vir contar a ninguém!
       
      *  Morre, morre, morre... disse o velho modorrento para a mosca irritante, e ela continuou vivendo, apesar das ameaças do claudicante.
           O esforço, porém, não o poupou. Acharam-no caído, com várias meias palavras travadas entre a dentiça e o assoalho. Quando a abriram, saiu-lhe novamente a voz: morre, morre, morre... obcecado este coitado!

      * Viver é estar do lado dos vivos, enaltecendo os mortos. Morrer é ficar assombrando os vivos, mesmo sem querer, por que vivo adora um morto. Vai entender....  

      *  A morte esta bem aqui ao lado, fingindo que não te quer. E você sabendo da sua presença, finge que ela hoje não vem. Ambos se conhecem, como quem!  Um protagonista, o outro, arte finalista. Mas estabilidade no emprego, só a morte tem.
       

      *  A morte é sempre estúpida, mas é uma visão de quem vive.  A morte é o rejuvenescimento das espécies, o ponto final das inquietudes, o manejo sustentável da natureza aflita, a fim de preservar a vida.


      * “ Viva!”  dizem os espectadores. “Morte!” dizem os espectadores. Uns no teatro de luxo, outros no Coliseu de Roma. A cada público, após a faina, um palco distinto ou um circo de lona.  

      *  Era uma celebridade em vida. Lugares, cidades, hotéis e bares que freqüentava viravam moda e lotavam. Suas roupas, adereços e estilo ditavam a moda, copiados à exaustão. Até as pegadas eram conferidas, medidas, gravadas e louvadas. Quando morreu, era como se continuasse viva. Continuou celebridade, continuou sendo seguida, ditando moda, e lotando os lugares. A única diferença é que faturava muito mais.

       

        “ - Disse Jesus: um homem rico tinha muitos bens. E disse: vou aproveitar os meus bens; vou semear, plantar, colher e encher os meus armazéns, a ponto de não ter falta de nada. Foi isso que ele pensou em seu coração. E nessa noite e ele morreu. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!
                                 
                                                “ Jesus Cristo, evangelho segundo Tomé”

segunda-feira, 5 de março de 2012

Breve diálogo entre um crente e um anjo diligente

       

       - E aí, rapaz? O que tens feito, ô sujeito? Você aí mesmo, vestido de terno, pulseira de ouro, relógio moderno, carteira recheada, sorriso eterno.

        - Ah! Eu? Tenho lutado em lutas desiguais. Vencido e perdido batalhas, sofrido agruras, achado tempo onde o tempo dizia não caber, e preenchido com trabalho árduo os segundos vazios entre a obrigação e o prazer! Enfrentado feras travestidas de homens, mas sempre pautado pelo dever e o devido, polido e educado, de bom gosto e bom tino. 

        - Ah! Que bom, bonito mesmo! Mas vem comigo. E já venha pelado, descascado e solto. Deixa o dinheiro, o carro, a casa e nu o dorso, as costas preparadas, pois o que plantastes em vida, vais agora colher em dobro!

        - Mas pera lá! Que isso? Quem é você, e de onde vens? Por que mereço isto, e por que falas assim, empertigado e altivo, determinando meu currículo, me tratando com desdém?

        - Tenho estado ao teu lado e caminhado contigo. Fui destacado a ser teu braço, fornecendo amparo e juízo. Condenado tua má conduta, sendo ignorado em meus apelos. Avisei em sonhos das injustiças que cometias, alardeei aos berros teus erros. Tracei os caminhos perfeitos que farias, mas não seguiste nenhuma boa doutrina, mesmo em meus loquazes apelos.Quem sabe agora, debaixo de uma boa cilha, não abre a alma e vomita, seus supérfluos anseios?

        - Vivi no luxo? Má conduta, injustiças? Acaso sou acusado de forjar minha desdita? Ou fui eleito o verdugo das castas inferiores? Sabes o quão duro foi minha vida. Se estavas ao meu lado, vistes tudo que passei e sofri. Onde estavas quando eu perdia pai e mãe ainda meninote? E quando implorava por um pedaço de pão, leite um pouco, onde estavas, nobre ancião rancoroso?  E após dias em um trabalho árduo, ainda tinha que pedir o que me deviam, um pequeno salário atarracado! Fostes meu braço? Meus braços são estes aqui, que levantaram pesos sem medida, agrediram e me defenderam nas lidas. Que caminhos perfeitos são estes de que falas, que prometestes sei lá a quem? Pois a mim foram dadas escaladas, morros íngremes e ariscos. E das doutrinas que li e ouvi, pensando bem, a melhor aplicada foi a que eu próprio escrevi. Toma aqui meu lombo, me toma como exemplo, se é que assim se fará justiça. Mas imploro aqui e agora misericórdia divina, pois tudo o que eu fiz em vida, foi somente o que dela aprendi!

        - Não retiro uma vírgula do que eu disse, pois alguns de seus pares viveram piores condições que as tuas, mas se não foram consagrados santos, ao menos aguçaram os tinos, transbordaram valores em seus lares, abandonaram os danos e os vícios. Apelas ao senhor? Pois ele com certeza te ouvirá. Está retirado o teu castigo e os maus tratos. A pena tratada fica tolhida. Mas terás que vir comigo. O momento é de jazer, e finda o prazo desta lida. A hora de partir é esta, e nesta hora nem ele apita, nem o prazo se estica, nem a sábia misericórdia divina concede, mais tempo em sua vida.



domingo, 5 de fevereiro de 2012

Concordo! Pero que....!

        

        Concordo. Eu já disse, eu concordo. Connncorrrdooo! Sem problemas. É claro! Sem problemas. Não desconfie, sem essa! Não desconfie, para com isto! É claro que sim, eu farei. Farei exatamente do jeito que eu sempre fiz. Não? Tá bom. Então farei exatamente do jeito que VOCÊ quiser que eu faça. Não? Mas como? Então tá., Farei exatamente conforme combinamos em nosso acordo! Está bom assim? Você não concordou? Mas como é que eu digo então? Ah! Farei como é o certo! O que é o certo? Mas...mas...Tá bom. Farei exatamente como é o seu certo. Sem tirar uma letra ou acento. Não tem acento? Tem, tem sim. É, é com acento. Foi para mexer com você, não liga. Farei, o importante é que farei. Juro! Juro pela minha mãe mortinha. Mãe não vale? nem mãe já morta? Mas então eu juro por mim, pronto! Não acredita? Mas peraí, quantas vezes eu já jurei assim e não cumpri?  Nunca, não é? Eu concordo, farei o certo, que mais, meu Deus do céu, o que mais? Nunca comentar? Ok! Não comento. Com ninguém. Nem jogar na cara do outro, Ok! Não reacenderei esta chama, fogo, sei lá. Retiro o fogo, a chama, Ok! Tá retirado. Sem discórdia.Agora que eu concordei, que jurei, que combinei tudo, tudinho e, que esta tudo resolvido, meu amor, amorzinho meu, pode me devolver o controle remoto? Por favor? Por favor eu pedi lá trás e não adiantou! Não é por favor que se diz...? Ai meu Deus, lá vamos nós de novo....



domingo, 8 de janeiro de 2012

Dominich saiu para andar

        


        Aristides saiu para andar, refletir. Estava nestes últimos meses sentindo-se um velho, acabrunhado, medroso até! Aumentavam suas indagações a respeito de tudo e de todos, e as mínimas coisas ou situações, o irritavam com facilidade; discutia com pessoas conhecidas e desconhecidas, com os colegas de trabalho, com seu chefe, com os porteiros, cobradores de ônibus, garçons e,  constantemente,  com os jornais e  o noticiário da TV. Tudo o revoltava e parecia que o inquiria a dar opiniões, mas como dar opiniões se poucos se prestavam a ouvir?  E mesmo esses poucos, não debatiam com firmeza, não provocavam eco para uma boa discussão, eram paredes, sem opiniões, sem distinções entre o credo e o crível. Não duvidavam das “verdades” publicadas. Fazer o que? Começou a se dar conta que era um chato, daqueles que ninguém quer por perto. Coisas da idade? Refletia sobre isto em seu horário de almoço, andando.
        Parou na banca para ler as manchetes, e quando se deu conta, estava esbravejando impropérios a esmo: contra o governo estadual, contra os aumentos, bandalheira, E.U.A, Europa e Iraque. Até sobre o Afeganistão deu os seus pitacos.
        Lia tudo o que lhe passasse diante dos olhos ou que lhe caísse nas mãos. Por que então não tirar conclusões, ter as suas próprias idéias? Ainda discursava a meio tom, porém sem ninguém ao lado, quando se sentiu imprensado contra a banca de jornais: uma passeata numerosa vinha pela rua e,  o empurra empurra começava a se formar. Ficou no seu canto, não sem antes esbravejar, para quem pudesse e quisesse ouvir, do absurdo das passeatas em horário tão cedo, atrapalhando o transito, atrapalhando o dia a dia das pessoas. Aquele transtorno envolveria todo o mundo, atrasando e dificultando a todos o vai e vem do centro da cidade. Mal acabara de alardear sua opinião ( não pedida por ninguém, deixa-se isto claro ),  observou uma equipe de TV se encaminhando para onde ele estava, e dela vinham olhares para ele. Estremeceu de nervoso ante a possibilidade de ter que dar uma entrevista. Falaria do que, sobre o que? Polidamente o repórter perguntou-lhe sobre a possibilidade de conceder a entrevista, acalmaram-no quanto ao teor das perguntas e quanto a possíveis erros, não sem antes anotarem seus dados. Alguém contou: “- 4, 3, 2,1 ! ao vivo”! Aquilo o fez gelar. “– O Sr. Considera o propósito desta passeata justo ou injusto?”

        Aristides fez aquela cara de “me gela”, recorreu a Santo Antonio e a mais uma dúzia e meia de santos que lhe passavam pela cabeça, sem saber o que responder. Logo ele, discutidor nato, observador atento. Mas aconteceu que, de canto de olho, deparou com um cartaz portado por alguém da passeata que dizia: “Viva Dominich Doiatzvoski” Aquilo foi como que um tiro no estomago, o destrancar da fechadura! Desatou o nó que prendia a sua língua, e num desatino só, começou a enumerar as peripécias que um pobre cidadão é obrigado a enfrentar para chegar à cidade e em seu emprego, para dali tirar o seus minguados caraminguás; este pobre cidadão então,  se depara com aquela manifestação a favor de Dominich. “ – Mas, ora, quem é DominichDominich que vá a merda!” soltou, sem dar tempo do repórter cortar, ou de alguém interferir no som, que foi ao “ar” na TV. Claro que abruptamente encerrou-se a entrevista, mas ele gostou. Repetiu ainda umas duas vezes “ Domenich que vá a merda!” Afinal quem seria Dominich? Perguntou a alguns retardatários quanto ao personagem, mas até eles se abstiveram: “ - Não sei, quem?”  Então para que seguiam, o que seguiam e o que reivindicavam? Cada um falava por si, protestava ao seu modo,  em seu mundo? "- Ah! É contra o Ministro Falácio Destrouba, disseram os últimos dos últimos da passeata!" " - Quem?"

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Copacabana e o Ano Novo

                             foto Amilson Ferrari


-Não acredito....
- Te juro...
- Não acredito, como é que pode? E o tão propalado caos aeronáutico, e a incapacidade aeroportuária,  a falência das agências controladoras, a desorganização do metrô? Como é que você consegue sair de Buenos Aires no dia 31/12/2012, no voo das 14:45 hs, sendo que às 15:05 hs você ainda estava a caminho da plataforma de embarque, e chegar em Copacabana às 22:00 hs, a tempo de festejar o Ano Novo?Como?
- Pois é...ainda passei em casa...
- Coisas estranhas acontecem neste país; aeroportos, metrô, táxis funcionando; 1 milhão de pessoas, milhares de guarda chuvas, tudo e todos com ótimo comportamento e  funcionamento excelente: PMs solícitos, guardas municipais que além de solícitos, estavam munidos de mapas para o auxilio à turistas, risos mil, tranquilidade dez...Mas eu me confesso, me molhei e me esgotei demais, além de não poder contar tanto com esta sua sorte. Ano que vem eu fico em casa mesmo....ou em Buenos Aires.

        Feliz 2012, de novo, novamente!

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Sana

        Ano Novo de novo novamente. Mas somente até domingo, que segunda feira nos deparamos mesmo é com o que fazíamos no bom e velho "ano velho": trabalho, estudos, obrigações, etc. Mas é natural. Como é natural esquecer o " Conto de Natal " do LIVRENTARIO. Não é uma obrigação. Isto posto na mente, esqueci completamente desta natural complementação do ano. Não sem motivos, muito cansado, e esquecido de tantas outras coisas, viajei para descansar. Fui para Sana, 6º Distrito Rural de Macaé, 160 Km do Rio de Janeiro, sem celulares ( não há sinal ) sem trânsito ( fui para a pousada Fazenda Bom Viver, distante 3 Km do centro de Sana ) sem pressa ( a estrada não permite ). 
        Mas as Cachoeiras do lugar, a fama que detém e carrega, a origem do nome ( há tantas origens...) estas, já estão descritas e reescritas dezenas de vezes na Internet. Só parei para falar de Sana, do lugar, por causa do Rio Sana, e da brincadeira que empreendi neste rio: jogar água um no outro. Ah! fazia era tempo que eu não praticava este glamoroso esporte! E contra duas crianças, aprenda, não se ganha. Eles nunca se cansam. Após a "surra", extenuado ( na foto, o exato momento da derrota ) tive que descansar. Tomar banho de rio é bom demais.....

                                foto Cida


        Em um lugar como Sana, basta ficar parado admirando a paisagem ou, deitado num rio admirando a paisagem ou, somente admirar a paisagem.

                                foto Amilson Ferrari


         Não tive excelentes idéias para o trabalho nem para o Livrentario enquanto estive lá. Rato de cidade, acabei sentindo falta de alguma coisa aqui ou ali, embora a Fazenda tenha acesso à Internet. Mas a partir de agora, marquei na agenda, fico devendo ao rio Sana, a oportunidade de poder sempre rever, eu, largado.

                                foto Cida




       Feliz Ano Novo!Feliz 2012.


domingo, 4 de dezembro de 2011

Futebol

        

        Pediu a bola insistentemente. Deu carrinho, trombou, sambou quando fez o gol, e se desesperou quando tomaram um. Alegrias e tristezas do futebol, mas por hoje, não teria adversário que lhe fizesse páreo. Insatisfeito, calou-se quando fez falta dentro da área. Mas se irritou, e desandou a reclamar, com o pênalti não marcado ao seu favor.
        Sem saber como e nem por que, lembrou-se da faculdade medíocre, 2  anos  em Administração de Empresas que nunca terminara. Serviram para que?  Nem antes, nem depois. E a ex esposa, serviria agora? Ex esposas não são para toda a vida? Ex, ex vampiras, ex minhas, ex dos outros, ex amantes, ex amigos, são tudo o que você carrega, sua história de vida. Mas não me facilita agora, nem permite que você saia por aí contando tudo a todos. Ninguém se interessaria. E de repente a sua vida nada mais significa! O que fez, o que deixou de fazer, puff, somem! Tomou a bola do zagueiro, e partiu confiante, rumo ao gol desprotegido....

        O médico afirmara categórico: seis meses, assim mesmo, " - caso o senhor obedeça as minhas determinações". Determinações? "- Quais?" “– Ah! O senhor sabe....não beber, não fumar, parar de jogar bola ou qualquer outro esporte, sexo muito...

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Capitão Papy Poppy

      
        Dotado de extrema simplicidade e delicadeza, com uma linguagem direta para as crianças, o artista e compositor Adriano Souza, lançou seu CD  " Eu queria ter um foguete - Capitão Papy Poppy".
        Com uma produção bem cuidada e atraente até para quem não é mais criança, merece uma olhada no vídeo com a música de trabalho.  Merece os aplausos de todos nós. Valeu " Capitão"! Eu também queria ter um foguete....  

domingo, 9 de outubro de 2011

Outros contos, para quem não gosta de ler.

       
        Já que você não gosta de ler, inverto a perspectiva, e o leio. Não as palavras em si, não surtiria, para quem as palavras não trazem feitos. Leio então, eu mesmo, você! Você aí, que me olha com desdém. Não acredita no que lê, ou nem sabe o que esta lendo? Não se preocupe, 90% das pessoas não sabem sobre o que estão lendo, até que cheguem no final. É bom isto, não é? Permite que continuem lendo algo que normalmente não leriam. Mas é um truque do autor. Outro modo de criarmos a curiosidade é o sub título, que as vezes não consta do texto, mas é o chamariz, o convite à leitura. Como isca, utiliza-se também a introdução não tradicional, para que o início do texto não se confronte com o fim, nem sopre as características de seu final. E que o decorrer desta leitura, disfarçada de olhadela, não se transforme em um martírio. Outra coisa que funciona a contento, é a assinatura do autor. Em caso de ser uma celebridade, aí é que lêem mesmo, tudo, mesmo que continuem sem saber muito bem para que! Bem, a assinatura que tenho é esta mesma, não soma nem apavora.
        Ora, ler é uma atitude, uma ação, diferente de pensar, claro. Embora os melhores textos, o façam pensar após serem lidos. Isto posto, não percamos tempo com algo que nos quinze minutos após lermos, não nos lembraremos. São apenas pesquisas, porcentagens, somente isto, e que foram inventadas por mim. Positivamente, passam um “ar” de seriedade e verdade.....
        Por isso hoje eu lerei meus leitores, agora! Para ficar mais interessante, começarei com você mesmo, que começou a ver estas palavras. Hum... vejamos, rosto bonito, brilhoso, mas precisamos cortar este cabelo, não acha? Calma, você não está maluco não! É com você mesmo que eu estou falando. Cortar este cabelo, te deixará com uma cara mais bonita, mais inteligente. Reflita: quantos já te pediram isto? Aha! Te peguei olhando a contra capa. Sou eu mesmo falando com meu leitor. Reflita sobre o cabelo. Voce é engenheiro? Adivinhei, não? Foi o seu jeitão. Deve ter uma história bonita por trás disto. Ocultas, todos trazemos boas histórias, especialmente quando as contamos com bom humor. Conte um pouco da sua, conte! Nada? Nem um tantinho de curiosidades? Tem nada não. Entendo, não quer aparecer. Continue assim, mas permita-me acelerar, há vários me esperando para que eu os leia um pouquinho também. Enquanto isto, corta este cabelo. Cabelo é moldura de um rosto, e no seu a moldura esta maior. Aproveite, que nem moldura mais eu tenho....

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Primeiro Ano

        Parabéns pra voce! Primeiro Ano! Viva! A bem da verdade, um ano e tres meses, mas contando do registro do nome, estamos completando o primeiro ano. Que bom conseguir manter este projeto neste pequeno/longo tempo. Pequeno tempo, contando-se entre o projeto em si e a implantação; e o longo tempo que demanda realizar este trabalho, um processo ainda não totalmente incorporado ao Amilson Ferrari escritor. Agradeço as citações com apoios, os carinhos e as maldades, que não faltaram, mas todos eles foram bons e tiveram seu lugar, auxiliando nas criações.
        Fiquei meses sem dar as caras aqui: minha vida está um corre corre danado! Mas a produção não secou. Voltarei a postar meus contos, cartas e rabiscos que nasceram, nascem e nascerão nesta cabecinha que Deus me deu. Um pouco mais encantado e um pouco mais desencantado. O desencanto vem dos poucos comentários recebidos. Atesto que há um bom acesso e leitura do blog, mas poucos ou nenhum para os contos. Desinteressantes? Preguiça? Mas é tão bom escutar comentários. Especialmente de quem  conheço. Com o livro, isto já não ocorre, Sempre há um retorno do leitor, mesmo que pequeno, incorrem em um palpite, dúvida ou satisfação. E isso já me instiga a escrever uma continuação.
        Dizer que não me importo com a falta de comentários seria uma mentira. Mas vamos mudar isto, se não pela simples razão da leitura fermentado por um pouco de marketing,  que seja pela pura emoção. Mas até aí nada muda, e nada impede  a vontade e a criatividade.
        E encantado estou, cada vez mais, com este trabalho; seja escrevendo, seja coletando no dia a dia histórias banais, de personagens que nos rodeiam com seus absurdos ou com prontas respostas para este mesmo dia a dia, acontecimentos contemporâneos, repetentes e diários ou, exclusivos e raros e, docemente encantado ao ler um naco da carta de Carlos Drumon de Andrade à sua filha, com um conselho simples, mas direto: " - minha filha, escreva!" 
      Escrever me encanta e, ao conselho deste poeta, conceda-me a licença Maria Julieta Drumond de Andrade ( escrevem agora junto de Deus ), em direciona-lo, encantado, para mim.

        " Encantado com a notícia de estarem a caminho duas crônicas. Espíche-as um pouco, daqui por diante, e sairão no " Correio" , onde sinto falta do seu nome. Escreva, minha filha, escreva. Quando estiver entendiada, nostálgica, desocupada, neutra, escreva. Escreva, mesmo bobagens, palavras soltas, experimente fazer versos, artigos, pensamentos soltos, descreva como exercìcio o degrau da escada de seu edifício ( saiu verso sem querer ), escreva sempre, mesmo para não publicar e principalmente para não publicar. Não tenha a preocupação de fazer obras primas, que de há muito eu já perdi, se é que algum dia a tive, mas só e simplesmente escrever, se exprimir, desenvolver um movimento interior que encontra em si próprio sua justificação. Isto é muito melhor do que traduzir Proust, distração que não distrai, porque é chata como toda tradução, e acaba nos desculpando muito fracamente perante a nós mesmos de não havermos escrito por nossa conta e responsabilidade."

                               Transcrito de O Globo, 20/09/2011 - Carlos Drumond de Andrade.



    

domingo, 24 de abril de 2011

Cartas III

                                                Foto Amilson Ferrari - Parque da Pedra Branca 


        Desliguei o telefone e o computador. Do telefone não saíam palavras inteligíveis. Ele, o telefone, não falava comigo, ou intrigante, apenas não me contava o que não sabia.  No computador, parecia que todos teclavam ao mesmo tempo, não tinha como me expor, muito menos me fazer entender. Assim como fazemos com as pessoas, se não há o que dizer, ou não se quer dizer; se ninguém responde ao que se pergunta: vire-se vá embora; ou desligue os aparelhos...

        Isso! Escreverei então uma bela carta. Meiga, expondo os motivos, explorando o que temos, o que sonhamos...Essa você lerá, com certeza. Quase todas as pessoas que conheço me aconselhariam utilizar um computador, uma impresssora, e-mails, " - Celular é melhor. Escrever?, trabalhão!"
        Me armei de tudo, qual uma aranha preparando sua teia, e lhe escrevi. Já que pessoalmente não conseguimos nos falar, nem nos comunicar pelo telefone ou computador, escrevo.
        Os e-mails, gmails, MSN's, são rápidos, Yahoooooo! Mais rápidas são por vezes as respostas monossilábicas, e suas silenciosas consequências, gerando estrondosas intrigas, incluindo-se aí generosos intervalos." É...fui...vou...quê?..." Ora andando entre o banheiro e a TV, ora passando-se apressado entre o lavabo e a cozinha, responde-se as perguntas como quem não gosta delas, pergunta-se com respostas, responde-se com perguntas, ao mesmo tempo marca-se e desmarca-se os encontros, ignora-se o presente. O passado, vemos no Youtube. Lá tem os nossos flash backs; flutuamos em nossas lembranças, ou as odiamos.  Mas não somos profissionais do vídeo: "- Corta! De novo, por gentileza! " O que fizemos, gravado está! Talvez pelo tempo juntos, as ignorâncias, as queixas, as testemunhas e os testemunhais,  as desconsiderações e as mentiras pululam em nossos discursos. Passa tudo tão rapidamente entre a tela e os olhos, que perdeu-se o que eu disse. "-Eu disse isto? ", em qual blog? O que mesmo eu queria dizer não faz nem meia hora? Pera aí, o que é que estou dizendo?
        Uma carta! Lentamente pensada, uma escrita trabalhada e norteada; não teclada a esmo, em servidores a kilômetros de distância das nossas atitudes, das nossas demandas,  atrás de um emaranhado de linhas de comunicação e satélites, ecoando em várias telas e HD's estranhos a nós, desrespeitando as nossas distâncias e implicâncias, suas estranhas e intragáveis atitudes, meus terríveis e desagradáveis humores. Você os vê,  mas voce não os lê! Ou seria o contrário? Agredimos, mas não sangramos.Vemos mas não sentimos. Enguiçamos mutuamente em um silêncio provocador. Envio então a carta, por um portador amigo, de ambos, não quero feridos. Quero ver se não chega! São as minhas considerações, minhas desculpas, alguns motivos. Chegará, lenta, mais lenta que conexão discada.
       
        Escrevi e enviei; e como resposta ao seu demorado silêncio,  brilha em minha tela a sua resposta. Eu sabia que era assim que ela viria, embora tenha acentuado na missiva: " leia direito, pare! pense antes de responder, não responda nunca, nunca meu amor,  pelo computador"; de nada adianta. Sinto-me um velho idiota e assoreado. A resposta resplandece em letras maiúsculas na tela do meu Big-Tec-Net: "- me esquece!" Tá bom, te esqueço e desligo. Não o computador ou o telefone, desligo de você e dessa história. Infelizmente nos veremos,  no Youtube, na rede, e para todo o sempre, na memória.